ix
sentaste-te à secretária. precisas de escrever.
a caneta rodopia nos teus dedos,
rabiscas palavras sem sentido
e dás por ti a precisar de chorar.
não tens saída: estás a abarrotar de emoções.
pela tua cabeça passam milhões de frases de amor e de ódio.
no teu coração,
os sentimentos empilham-se desordenadamente, sem espaço para respirares.
choras tudo o que te vai na alma,
o medo,
a insegurança.
estes momentos são a ténue linha que te separa do comum:
os momentos em que desesperas porque não sabes perder.
é então que escreves.
palavras duras, corajosas,
mas que não sabes se são tuas.
palavras quentes, sedentas de um abraço. palavras.
depois o teu lado existencialista emerge.
é aí que reprimes com todas as tuas forças, limpas a cara e decides adormecer.
tens muitas hipóteses mas a sensação que todas acabam da mesma maneira.
é o último desabafo da noite. amanhã levanta-te e vai ser feliz.
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