perspectivas
não há nada como a morte para colocar tudo em perspectiva. quando menos esperas, és confrontado com a tua própria pequenez, relembrado da insignificância da tua existência, da fugacidade da vida. és recordado, uma vez mais, de como tudo deixa de fazer sentido, de um momento para o outro.
e se nada faz sentido, ou se tudo tão depressa perde o sentido, para quê então darmo-nos, sequer, ao trabalho?
se é para andar vazio, ao sabor dos encartes da vida. se não há mais gargalhadas, mais sorrisos e abraços, mais beijos e mimos trocados. se tudo o que resta são as lágrimas que te lavam a face até que sequem.
é que, se é para não ser contigo, não faz sentido. não vale a pena. e, assim, aqui permaneço. sem vontade, sem reagir a nada.
isto não é viver, é apenas matar tempo, à espera que o tempo me mate. resignado, só à espera que o tempo passe, que tu regresses, que isto passe. que tudo não passou de um sonho quando eu acordasse.
ou que chegue simplesmente o fim.
enfim.
October 21st, 2021 at 10:24
[…] deambulando pela vida, porque não podes chamar a isto viver. vais matando o tempo, à espera que o tempo te mate. resignado, só à espera que o tempo passe, que alguém regresse ou […]