horas rotineiras
no início puxavas por mim, no encanto que o desejo pela mútua descoberta despertava em nós. eu tentava compreender-te até ao mais ínfimo detalhe e tu querias saber se eu seria mesmo capaz de alguma vez desvendar todos os teus segredos.
eras tu o motivo por que acordava todos os dias de manhã, tal era a ânsia de passar o meu tempo contigo. fazias-me correr para ti e o tempo até poder estar novamente contigo passava tão devagar que o nervoso miudinho tomava conta de mim, como um agarrado a ressacar por mais uma dose.
mas o tempo passou e ao fim de dois meses há muito pouco em ti que me cativa e me mantém interessado. deixámos morrer a paixão que em mim despertavas e desde então nada mais foi o mesmo. já não há o desafio e torna-se penoso até estar no mesmo espaço contigo.
o dia caiu numa hora rotineira seguido de outra hora rotineira, num ciclo vicioso, até todas as horas rotineiras se tornarem numa coisa desinteressante, um marasmo e um vazio que nada parece conseguir preencher.
não quero pensar em deixar-te, porque sabes que eu não consigo viver sem ti. mas temos de arranjar maneira de ressuscitar o romance que uma vez me fez sentir mais vivo do que nunca.
May 31st, 2013 at 23:50
essa situação que descreves é-me demasiado familiar e é quase impossível de escapar, uma chama uma vez apagada, raramente se volta a acender… Por mais lamentável que tudo isto seja…
Gosto muito do que escreves e vou continuar a ler-te 🙂